 |
Mirante Laboriaux |
Sempre tive muita vontade de conhecer melhor alguma favela carioca e finalmente nesta minha última viagem pude realizar este desejo.
Antes de fechar com o meu guia, tinha pesquisado bastante na internet algumas empresas e a maior parte delas utilizam jipe pra conhecer a comunidade, o que não me agradava muito. Acabei optando pelo Leo pois além de guia de turismo certificando, ele é nascido e criado na Rocinha, o que fez pensar que ninguém seria melhor para me apresentar a mesma do que um "local". Batemos um papo, acertamos os detalhes e passeio fechado.

Marquei com o Leonardo no shopping Fashion Mall, em São Conrado, e de lá fomos andando para a entrada da favela. Chegando lá, o Leo informou que nossa primeira parada seria o mirante de Laboriaux, que ficava em uma parte bem alta da favela e que eu teria a opção de subir a pé ou de mototaxi. Paguei os R$ 3,00 e subi na garoupa da moto bem apreensiva, pois não gosto deste meio de transporte. A subida foi bem segura, porém confesso que o condutor dava umas cortadas na contra-mão e em ônibus que eram de arrepiar! Ao subir as ruas principais da favela, fui percebendo o pq que a mesma é considerada a maior da América Latina - realmente é um mundo (com os seus 100 mil habitantes).


O mirante é uma coisa de louco! A vista é maravilhosa, pois conseguimos ver toda a zona Sul e um pedacinho da praia de Nitéroi. Fiquei lá bem uns 20 minutos, onde além de ficar prestando atenção na paisagem, estava escutando o guia contando um pouco do histórico da mesma, a criação do mirante, fatos sobre a poulação e até mesmo sobre a "pacificação".
Além de contar fatos bem interessantes, também rolou o velho papo gossip de ali é a casa do fulano, do cicrano e tal! O mirante é perfeito, a vista é de tirar o fôlego e é um choque de realidade, pois vemos as mega casas da zona Sul bem ao lado da favela.
Depois de sair do mirante, todo o nosso percurso foi a pé! Já aviso aos interessados no passeio: é preciso ter pique, pois tem várias ladeiras, o tempo de caminhada é longo e existe muitos desníveis nos becos e vielas.
Passamos pelas ruas principais da comunidade e fomos em uma feirinha de artesanato bem legal, que foi onde o guia começou a trabalhar com turismo e onde ainda possui uma barraquinha. Lá é possível encontrar muita coisa boa mesmo, desde imã de geladeira até mesmo telas e outros tipos de arte! Comprei este vinil por R$ 25,00 e uma tela perfeita em óleo que depois posto por aqui.
Depois de passar por algumas vias principais e conhecer mais sobre a história da comunidade e sobre o seu desenvolvimento, o guia nos leva para adentrar os becos (seguros) da favela.
É impressionante como as vielas são apertadas, escuras e como existe todo tipo de comercio por lá, inclusive um galinheiro! Passamos por uma peixaria, inúmeros salões e vendinhas, mas o que mais me chamou atenção é como as casas são irregulares, as portinhas são bem pequenas e fiquei imaginando no calor que o povo deve passar, pois não existe ventilação. O Leo falou que uma das grandes dificuldades, é transportar os idosos e que normalmente eles só saem de casa carregados por parentes ou vizinhos e em dias de receber aposentadoria do banco e consultas médicas. Ele também disse que uma coisa boa que a "pacificação" trouxe, foi um órgão da prefeitura que se instalou na favela e que é responsável em aprovar a construções de novas lajes, o que ajuda muito a prevenir os desabamentos, pois as construções por lá não tem acompanhento de engenheiros (nem mesmos as autorizadas).
.JPG)
.JPG)
.JPG)
Em uma das vielas, paramos na casa de um morador, onde o mesmo possui uma laje chamada "caminho do céu" que tem uma vista maravilhosa da favela para São Conrado. Para entrar nesta laje é necessário pagar R$ 2,00. Depois de lá, fomos descendo a Rocinha através dos atalhos e suas escadarias nada uniformes, passando pela porta da casa de alguns moradores....uma experiência ótima, porém cansativa, principalmente pelo calor.
Fotos tiradas na laje:
Estas duas próximas fotos é de uma região construida com recursos do PAC 1. O Governo derrubou algumas vielas e no lugar abriu algumas ruas para ajudar o saneamento básico na favela e também a subir caminhões e ambulâncias. Os apartamentos foram dados como indenização aos moradores que perderam a sua casa.
.JPG) |
Gatos. |
Esta rua das fotos abaixo é já chegando no "asfalto". Os moradores chamam a região de "zona sul", pois a mesma já fica próxima ao bairro de São Conrado. Esta rua é mega movimentada e possui grandes redes de lojas e bancos, além de restaurantes caros e academia mega equipada!
Amei o passeio, foi uma lição de vida ver a dura realidade do próximo! Em dias como este, a gente pode abrir um pouco mais a cabeça, entender que existe muita pobreza no nosso país, e desmistificar esta pacificação que é tão pregada pela impressa e aprender a valorizar tudo e todos que temos! Nossos problemas são tão pequenos que deveriamos parar de reclamar um pouco.
Contatos do Guia: Leonardo Leopoldino
Valor do passeio: R$ 65 por 3 horas (mais de 4 pessoas, tente negociar)